domingo, 28 de agosto de 2016

Oração ao amigo ausente

Um dia, a vida, desejou que nossas vidas se cruzassem
como estranhos que se chocam em um curvar de esquinas.

Meu caro amigo, entre nós se fez um elo de cumplicidade; irmandade
fortificada em  tantos virar de copos, confissões e camaradagem explicita.
Solenes noitadas em que sorrimo-nos divertindo enquanto o sol revelava todo
seu esplendor.

Amigo, meu velho amigo, já somos crescidos, alguns fios brancos denunciam
meus anos que avançam feito ondas revoltas em rochedos inocentes, enquanto
a vida ainda me sorri dignamente.

Certo dia, meu bom amigo, bons ventos o levaram para novas aventuras e desafios.
Temos hoje, velho companheiro, uma vida de homens responsáveis, deixamos de
lado nossas meninices e molecagens. Bons tempos aqueles.

Caro amigo ausente, que o tempo não consiga apagar tais lembranças;
Que tais ventos, que um dia nos fez distantes, possa novamente nos unir;
Que um dia, tão breve dia, o elo rompido se refaça e novos amigos se façam
e refaçam, inspirados naquilo que um dia fomos.

Amigo, que sejamos autenticos, sempre, até que novos ventos nos soprem forte,
e o impulso de voar nos lance para novas aventuras;

Que assim, seja

Amém




segunda-feira, 2 de maio de 2016

Folhas de Outono

Eu ainda estou aqui, deitado em mil lençóis
E sinto seu calor, bem próximo a mim
Seu cheiro e sorriso, ainda posso sentir...

Lá fora o vento sopra a chuva na janela
Os dias cinzas também possuem encanto

Não importa quanto tempo, me espera...
Eu já venho
Eu já chego
E me achego

Venho de pé em pé, por caminhos tortos
Contando e desenhando desilusões
Em meio a tempestade meus passos
tropeçam nos seus

O céu se abre, o sol me aquece, minha
pele arrepia como na primavera. Explode
como cores, flores, aromas, amores

Não importa onde iremos, me espera...
Eu já venho vindo
Eu já chego logo
E me aconchego

As folhas de outono cobrem o chão
O amarelo das tardes sobre seus cabelos
De longe lhe vejo, o mesmo sorriso,
o mesmo brilho no olhar onde me vejo

Não importa quando e onde, a gente vai junto
Eu já estou aqui
Você e Eu
Só um



quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

31 do doze de 2015

Era só mais uma noite comum a seus olhos.
Rodeado por gente vestida de branco, luzes
e cerveja servida em copos de plástico ondulado.

Suas ideias vagavam por ali como se não quisesse
estar ou permanecer ali, observava inerte as 
últimas horas do ano.

Fora por convite de um amigo próximo, que há horas 
sumira nos braços de outro. Mal se viram e uma labareda de 
emoções tomou conta deles e se perderam um nos lábios do outro.

E assim, seguiam se as horas, os cumprimentos e proclamas da noite.
O céu se iluminou, abraços e beijos desconhecidos pelo calor
do momento enquanto alguns ainda buscavam registro em preto
e branco nos braços de outrem.

E já não esperava por nada, apenas erguia os olhos para a escuridão do
céu e vislumbrava a dança de luzes em neon que iam se apagando
deixando um rastro de pólvora sufocante no ar.

Alguém o observava, do outro lado. Lá estava, todo alinhado, também de branco.
Já ele, usava regata e bermuda, deixado de lado com um copo pela metade,
já não importava o que bebia.

O céu retomara sua imponência escura e infinita, a bebida amargara em sua
boca e nada mais.

Dois passos à frente, agora eram próximos mas ainda estranhos, se encararam.

Sabe dançar forró? Perguntou.
Sei. Respondeu e sorriu.

Tinha um sorriso branco, cabelo engomado, queria mesmo um papo.
O outro, fora traído pelo olhar curioso e as palavras simplesmente fluíam, ora
em respostas, ora em perguntas ou apenas seguindo o fluxo ditado pelo primeiro.

Tivera sua atenção roubada, suavemente furtada e atraída para Ele.

Dançaram ou ao menos tentaram em meio aos tropeços negáveis à um
dançarino.

Sorriram. E entre assuntos e olhares, também se tocaram algumas vezes, queriam
crer no momento.
Não sabiam do incrível ano que viria pela frente.
O acaso os ligaram e os prenderam em sentimento fundamentado.

Já era dia e o sol tomou lugar da lua.
Já era tarde para eles, pois havia chegado ali a primavera.
E em seus peitos, já nasciam flores.